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20 de junho de 2020

Um texto da Catarina Henriques, acerca d' Os Maias, que já foi também publicado no blogue da Biblioteca.
Pintura de Renoir, Baile no Moulin de la Galette
A ação d’ Os Maias passa-se na segunda metade do século XIX e apresenta-nos a história de três gerações da família Maia. Carlos Eduardo da Maia, um belo homem, física e intelectualmente, é a personagem principal do romance.

Assim sendo, todos os espaços estão relacionados com esta personagem, desde Santa Olávia até Coimbra, a Lisboa, ao seu consultório e a outros locais que frequenta, passando por Sintra e terminando em Paris, onde passa a residir no final da narrativa.

A infância de Carlos decorre em Santa Olávia, um espaço conotado muito positivamente. É o símbolo da vida e o refúgio em momentos difíceis. Já Coimbra é o local dos estudos de Carlos, do seu contacto com as novas ideias filosóficas e científicas, e o símbolo da boémia estudantil e da amizade. Sintra, por sua vez, onde procura a amada, representa a beleza paradisíaca e os encontros amorosos, mais ou menos clandestinos, da alta burguesia da época.

A vida profissional e social de Carlos passa-se em Lisboa. A cidade representa então a idade adulta e o convívio, sendo o palco dos seus amores e da desgraça da sua família. O Ramalhete, a casa onde reside com o avô, representa as expetativas, os sonhos, os sucessos, mas também a catástrofe que precipita a decadência familiar. Por sua vez, o consultório é o símbolo do diletantismo de Carlos e da sua geração. Representa os seus projetos e o posterior falhanço profissional.

É na Toca, uma quinta discreta nos Olivais, que Carlos vive a sua curta história de amor com Maria Eduarda, sendo a sensualidade de ambos simbolizada por este espaço. É também aqui, ao nível da descrição do espaço, que se encontram várias evidências que pressagiam o destino trágico do casal.

Por fim, ao longo de toda a obra, o estrangeiro surge como símbolo de cultura, de requinte e da educação superior de Carlos, mas também como um recurso para fugir aos problemas e complicações. Assim, depois do incesto e da morte do avô, é em Paris que Carlos da Maia se refugia.

Concluindo, podemos afirmar que o espaço é uma categoria central neste romance.



Catarina Henriques, 11ºA

25 de fevereiro de 2017

A propósito das obras e autores que vamos estudando

Maria Helena Vieira da Silva, Biblioteca
Que temos grandes escritores - tantas vezes lidos a contragosto pelos nossos alunos - sabemos bem que sim. E quando, rompendo a barreira da hegemonia cultural anglo-saxónica, chegam ao estrangeiro, o deslumbramento que despertam deveria tornar-nos a todos, se outras razões não houvesse, mais disponíveis a lê-los, a ser-lhes gratos e a não permitir que caíssem no esquecimento. 

Ora vejamos estes excertos de uma entrevista de Eugénio Lisboa, um dos nossos melhores ensaístas, acerca disto mesmo:

«[No mundo lusófono ainda] não temos força económica para nos tornarmos apetecíveis. Mesmo assim é impressionante as vias que temos aberto. Nomes como o Fernando Pessoa... embora a meu ver seja conhecido não da maneira adequada, mas é conhecido. 

O Eça de Queirós... Quando estive em Londres fiz uma reedição d’Os Maias e a crítica inglesa postou-se de cócoras perante a grandeza do livro. Simplesmente, são grandes clássicos que impressionam o mercado durante um determinado período e depois eles esquecem-se deles. Tem de se voltar a acordá-los daí a 20 ou 30 anos. A primeira vez que Os Maias abriram brechas no imaginário anglo-saxónico foi, salvo erro, em 1965, quando foram traduzidos pela primeira vez, e o livro esteve na lista de bestsellers da Time Magazine durante semanas e semanas. Os fulanos diziam que para se encontrar universos comparáveis é preciso recorrer a Stendhal e Tolstói. Mas passados dois, três anos esquecem-se.

(...) Quando "A Ilustre Casa de Ramires" [romance de Eça] foi reeditado, o crítico literário Jonathan Keats, no Observer, salvo erro, perdeu literalmente a cabeça com o livro. Ele dizia que se o Flaubert precisasse de matar a mãe para escrever um livro como aquele, o faria.»
Eugénio Lisboa em entrevista a Diogo Vaz Pinto, publicada no Jornal I em 25/02/2017

15 de junho de 2015

Os Maias

Em especial para os alunos que fizeram o 10º ano - ver o filme durante as férias pode ser uma boa introdução à leitura do livro.