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9 de abril de 2015

A Montanha Mágica - uma leitura




Os títulos são subjetivos. Montanha Mágica poderá sugerir misticismo e fantasia, um mundo utópico, que se afasta das regras socialmente estabelecidas e dos conceitos tomados como verdades absolutas, e onde o tempo é ignorado e a doença louvada.

Thomas Mann situa a obra no período que antecede a primeira guerra mundial, e posiciona o herói (Hans Castorp, futuro engenheiro naval) no Sanatório de Berghof. Hans vai ao sanatório visitar o primo, Joachim, mas acaba por lá se instalar permanentemente, já que descobre que também está doente. 

Será nos Alpes que o futuro engenheiro naval desenvolverá a sua personalidade, dissertando sobre temas fundamentais como o tempo, a morte e a doença. Hans discorre constantemente sobre o tempo e apercebe-se de que na montanha este é insignificante e que um mês é a mais pequena unidade de tempo, acabando a estrutura da obra por seguir este raciocínio, descrevendo o primeiro capítulo a vida diária da personagem principal, e os os restantes capítulos, os seis anos que não passaram, já que o tempo ali não passava. 

A morte era vista pelos habitantes do sanatório como inexistente, embora estivesse presente em todas as paredes, e Hans, que já vira este “fenómeno inequívoco, racional, fisiologicamente necessário e desejável” roubar-lhe parentes, não compreendia a indiferença perante a morte. Já a doença, aquela velha conhecida que habitava no corpo de todos, levou a várias discussões com Settembrini (italiano humanista) e com Naphta (jesuíta de origem judia), personagens estupendamente inteligentes e antagónicas, defendendo o primeiro as ideias liberais e o segundo as conservadoras, e chegando ambos à conclusão de que “ser homem é ser doente.”

Esta obra é sem sombra de dúvida uma das mais ricas que já li, porque desencadeou reflexões e pensamentos complexos e me proporcionou um conhecimento artístico, histórico e filosófico extraordinário. 

Sara Marques Félix, 12ºE, Clássicos da Literatura