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6 de junho de 2016

O Naufrágio de Sepúlveda



História Trágico-Marítima, pintura de Maria Helena Vieira da Silva (1944)

A “História Trágico-Marítima” é uma compilação elaborada no século XVIII por Bernardo Gomes Brito, que pretendia dar resposta à ansiedade e ao interesse da população portuguesa, desejosa de informações sobre os muitos desastres marítimos ocorridos durante os séculos XVI e XVII. 
Entre as várias narrativas presentes na referida obra, conta-se o “Naufrágio de Sepúlveda”, que relata o infortúnio do galeão S. João, no qual seguia D. Manuel de Sousa Sepúlveda, de regresso a Portugal, acompanhado pela esposa e pelos três filhos, ainda crianças. 


O galeão S. João, navegando em direção a Moçambique, naufragou junto ao Cabo da Boa Esperança, devido à grande tempestade que enfrentou, ao excesso de carga que trazia, à construção descuidada e ao facto de as velas estarem em mau estado.


Os cafres (assim eram então denominados os habitantes da África austral e oriental) constituíam, para os portugueses que conseguiram chegar a terra, ora um perigo, por desencadearem ataques, ora uma possibilidade de sobrevivência, quando acediam a fazer trocas e a prestar ajuda - de que os náufragos muito precisavam. Mas a falta de mantimentos acabou por gerar lutas entre cafres e portugueses, o que, associado à fome, às doenças e aos ataques de animais selvagens, levou a uma diminuição do contingente português, pois houve uma significativa perda de vidas.

O texto relata ainda o infortúnio do capitão Sepúlveda, que viu morrer a esposa e os filhos, e que, tendo perdido o tino e a esperança, se embrenhou na selva, para nunca mais ser visto.

A meu ver, o relato é um outro ponto de vista, igualmente necessário, sobre a expansão marítima, que vai além de conquistas bem sucedidas.



Rafael Norte, 10º D