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8 de fevereiro de 2017

DES(ACORDO) ORTOGRÁFICO

Alguns anos volvidos sobre o início da aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal, são incontáveis as instituições, inclusive públicas, as editoras, as publicações, os escritores e os cidadãos que perseveram na recusa do AO, não encontrando justificação, nem linguística nem no que à política da língua diz respeito, que o recomende. As ambiguidades que originou, o surgimento de palavras irreconhecíveis, o afastamento abrupto da etimologia, bem como o proliferar de erros ortográficos antes desconhecidos, tudo tem levado a protestos constantes. 

Chegou a vez de a Academia das Ciências de Lisboa, que é o órgão consultivo do Governo português em matéria linguística, apresentar as suas reservas face ao resultado desta tentativa de uniformização ortográfica. E propor, através do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa,  um aperfeiçoamento do Acordo, que "aprimore" as novas regras ortográficas. Em vão, ao que parece.
O documento, chamado SUGESTÕES PARA O APERFEIÇOAMENTO DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA, pode ser consultado aqui.

6 de fevereiro de 2014

Ciclo História da Língua Portuguesa

CICLO HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 

Um ciclo de cinco conferências a que bem gostaríamos de assistir. No Centro Cultural de Belém, entre 13 de Fevereiro e 13 de Março, pelo professor Ivo de Castro. 

Do programa constam palestras tão atraentes como as que destacamos:

Quantos anos terá a língua portuguesa? - A origem da língua portuguesa não pode ser datada com precisão. Os mais antigos documentos conhecidos são do tempo de Afonso Henriques, mas a língua começou a ser falada bastante mais cedo.

Narrativas medievais - Um dos primeiros documentos portugueses pode ser lido como uma narrativa de aventuras. Mas, primeiro, há que lê-lo.

História do futuro - E agora, português?



11 de janeiro de 2014

Uma péssima escolha

Diz Miguel Real no jornal Público, a propósito da substituição, nos novos programas de Português, do romance Memorial do Convento, de José Saramago, pelo Ano da Morte de Ricardo Reis, do mesmo autor. Ouçamo-lo, porque muitos de nós concordamos com ele e lamentamos esta decisão.
Verdadeiramente, do ponto de vista estético, nada há a opor à introdução de O Ano da Morte de Ricardo Reis (OAMRR) no futuro programa de Português do 12.º ano em substituição de Memorial do Convento (MC). É uma escolha estética de qualidade e garante a continuidade do escritor José Saramago nos livros de leitura obrigatória do ensino secundário.
Porém, do ponto de vista pedagógico, considerando as características literárias e sociais pertinentes a MC, o nível etário e o horizonte psicológico dos alunos do 12.º ano, adolescentes entre os 16 e os 17 anos, de fraca apetência cultural, bem como a comprovadíssima óptima recepção de MC por parte de estudantes e professores, não podemos deixar de considerar a alteração uma péssima escolha.
Academicamente, OAMRR tem sido um dos romances de Saramago mais privilegiados pelos professores universitários e pelos críticos literários, expresso nos inúmeros prémios recebidos. OAMRR, desenhando tanto uma intertextualidade profundamente original com a obra de Fernando Pessoa quanto criticando a mentalidade dominante deste autor, é considerado menos ideológico que MC, mais intelectualizado, mais literato, mais esteticamente conotativo e auto-referente. Por seu lado, MC, considerada uma narrativa mais ideológica, expressão estética relevante do que Saramago entendia por história de Portugal, firmada na luta de classes e na perfídia das elites dominantes, torna-se, de facto, do ponto de vista da representação social, um romance incomodativo – que professor negaria que D. João V e a sua risível corte não poderiam ser identificados, hoje, com a elite política e administrativa de Portugal?
Deixamos à consciência do leitor 10 pontos enunciadores de uma visão de harmonização pedagógica entre o conteúdo de MC e a idade mental dos alunos, incitadora de uma visão lírica da História em tempo de profundo cepticismo, quando a Literatura pode (e deve) ser também, para as idades em apreço, motivadora de encantamento poético, de optimismo existencial, de vontade de viver em dignidade, características constitutivas de MC.
1. - MC apresenta uma diferença entre a representação da história visível (presente nos manuais da disciplina de História) e a desconstrução da mesma, evidenciando uma profunda reinterpretação e reflexão sobre a sociedade, forçando a necessidade de inquirição do aluno sobre um outro sentido para a História;
2. - MC é um dos romances de Saramago em que se colocam com maior e melhor nitidez a questão da nova complexidade do estatuto do narrador, elemento de profunda originalidade da obra deste escritor;

3. - MC é atravessado, como referimos, por uma onda de lirismo como dificilmente encontra paralelo no romance português contemporâneo, lirismo profundamente harmónico com a mente adolescente dos alunos, para a qual a entrega à Arte (Scarlatti), à Ciência (Bartolomeu de Gusmão) e ao Maravilhoso (Blimunda) são alternativas credíveis na opção pelo sentido de vida;

4. - MC ostenta uma galeria de personagens maravilhosas, singularmente diferentes da normalidade social, que encanta a mentalidade adolescente, criando-lhe um optimismo existencial, uma vontade de enfrentar a vida como raramente se encontra no romance português;

5. - MC caracteriza na figura de D. João V e dos seus áulicos alguns dos males éticos de que padece a permanente elite portuguesa: a ostentação, a vaidade, o excesso, a ambição tola por imitação de modas estrangeiras, a indiferença para com o sofrimento das populações, a antiga repressão sobre a sexualidade do corpo feminino;

6. - MC denuncia, em estilo irónico, sarcástico, até jocoso, estilo que se conforma com a mentalidade adolescente, atraindo-a, o contexto sócio-político megalómano dos costumes cortesãos do século XVIII e a mentalidade interesseira da corte, obviando a evidentes paralelismos com a actualidade;
7. - MC expõe uma amplidão lexical como raramente se assiste no actual romance português, cruzando vocabulário erudito com popular, histórico com presente, abrindo um novo horizonte no domínio plástico da língua aos alunos;
8. - MC enfatiza a necessidade de transgressão social para que a História avance, enaltecendo a capacidade de acção comandada pelo sonho, pelo visionarismo, pela vontade de criação de um futuro diferente;
9. - MC lega uma mensagem implícita, que repercute inconscientemente na mente dos alunos: a necessidade de cada um construir a sua "passarola", de possuir o seu "sonho" e a necessidade de ser diferente dos restantes para o cumprir;
10. - Finalmente, por todos estes motivos, MC é um dos raros textos da literatura portuguesa que interpenetra de um modo admirável Vida e Literatura, Arte e Cidadania, Existência e Reflexão, não raro reconciliando os estudantes com o estudo da Língua e da História.
Dir-me-ão que, oposto ao presente, poder-se-ia criar um texto com 10 características relevantes de OAMRR que de igual modo o qualificariam como uma narrativa de grande qualidade literária, não inferior a MC. É verdade. Eu próprio o fiz. E, por isso, iniciei este artigo referindo que nada havia a opor à integração de OAMRR nas obras de leitura obrigatória do 12.º ano (único problema, externo ao romance, consistiria numa porventura exagerada presença de Fernando Pessoa no novo programa do 12.º ano, mas, reconheço, também este argumento é subjectivo).
Se estética e literariamente é verdade que entre ambos a qualidade é semelhante, a substituição de MC por OAMRR revelar-se-á, pedagogicamente, uma péssima escolha, uma escolha feita de professores sensíveis à literatura para professores sensíveis à literatura, mas, lamentavelmente, insensíveis à expressão pedagógica da literatura em mentes adolescentes. Porém, como desde a década de 1960 se sabe, a literatura também é recepção, e, falhada esta, um belíssimo texto, de grande profundidade estética, pode tornar-se uma leitura verdadeiramente fastidiosa no interior da sala de aula, sem consequências activas e futurantes na vida de alunos adolescentes.
Proposta: não seria pedagogicamente mais razoável permitir uma escolha livre, em alternativa, entre os dois romances? É mesmo obrigatório, para fazer brilhar OAMRR, eliminar Memorial do Convento?
MIGUEL REAL, O Público, 10/01/2014

30 de junho de 2013

Outra sugestão para as férias

D. João V, o  perdulário rei-sol português que os alunos do 12º Ano bem conhecem da leitura de Memorial do Convento, terá sido mais do que a caricatura que Saramago nos oferece no seu romance? 

Até 29 de Setembro, o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, tem patente uma mostra acerca da Encomenda Prodigiosa que este rei fez a Itália para erguer em Lisboa uma extraordinária réplica do Vaticano, centrada na Basílica da Patriarcal de Lisboa.

Da página do Museu:

A esplendorosa Basílica Patriarcal de Lisboa era celebrada por toda a Europa. Cenário único, onde se levava a efeito uma surpreendente emulação da corte pontifícia, entendida como elemento de prestígio da própria corte portuguesa, tornou-se numa das mais dramáticas perdas geradas pelo Terramoto de 1755. Possuía uma extensão, felizmente poupada pelo sismo: a Capela de São João Batista, também encomendada por D. João V com o respetivo tesouro e edificada na Igreja de São Roque.

Evocar essa encomenda e o caminho que conduz da Patriarcal à Capela Real de São João Batista, exumando fontes e vestígios que o tempo parece ter querido apagar, é o objetivo desta exposição, dividida entre o MNAA-Museu Nacional de Arte Antiga e a Igreja e Museu de São Roque.

O jornal i, destaca, em artigo do dia 29 de Junho:

Transportada de Itália, montada peça por peça segundo uma intricada operação logística, a sumptuosa Capela de S. João Baptista (...) um prodígio da arte, ao nível do Rei-Sol português, e um instrumento político tão valioso como os materiais convocados para a obra. O projecto mostrava às potências europeias com acreditação diplomática no coração da Europa do século XVIII, que Portugal dispunha de capacidade financeira para proteger o seu império.


"O rei falava de igual para igual com Roma. Este momento marca uma transição sem paralelo. Criámos uma estética portuguesa com uma variante portuguesa da grande estética global do barroco cosmopolita. É uma situação de um Portugal na Europa e não de um Portugal além-mar, como nos Descobrimentos", explica António Filipe Pimentel, perito na era joanina, comissário científico desta mostra, a par de Teresa Vale, e director do Museu Nacional de Arte Antiga, que aloja o primeiro pólo da exposição, que se estende agora à Igreja Museu de São Roque. Ambas se prolongam até 29 de Setembro, apresentando no seu total mais de 300 peças.

"A capela não é um mero produto de importação a Roma, expressa muito o que era a vontade portuguesa. Na fase do projecto de arquitectura, o arquitecto ao serviço do rei chega a recusar os projectos enviados pelos melhores arquitectos italianos da altura. O rei queria uma arte que expressasse poder."


A exposição "A Encomenda Prodigiosa - da Patriarcal à Capela Real de S. João Baptista" reúne ainda em S. Roque centena e meia de peças do período barroco da arte italiana. Vindas de todo o país e de museus internacionais, algumas das obras vão poder ser vistas pela primeira vez em Portugal. 

10 de março de 2013

Cleonice ou a paixão pelas palavras

Cleonice Berardinelli é a maior especialista do Brasil em literatura portuguesa e uma das grandes estudiosas, em todo o mundo, da obra de Fernando Pessoa. Professora catedrática, tem 96 anos e continua intelectualmente activa. 

Desde 2011, vem organizando uma colecção editada pela Casa da Palavra que reune parte da sua obra crítica acerca de literatura portuguesa, bem como antologias de poemas portugueses. No ano passado, foram editados “Gil Vicente: autos” e “Fernando Pessoa: antologia poética". E em breve sairá um volume sobre poetas portugueses dos séculos XVI a XX.

Cleonice Berardinelli estará presente na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o maior certame literário do Brasil, e talvez da lusofonia, onde dinamizará, acompanhada por Maria Bethânia, um painel acerca de Fernando Pessoa.

O Globo dedica-lhe este artigocuja leitura sugerimos.

24 de fevereiro de 2013

Livros gratuitos online

Graças a uma iniciativa da rede ibero americana de colaboração universitária, todos os dias poderá ser descarregada gratuitamente uma obra literária - em formato PDF - na página da Universia Brasil.  
Os arquivos incluem publicações nacionais e internacionais. O primeiro título disponibilizado foi O Feiticeiro de Oz. Para os próximos dias, estão listados clássicos como O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas,  O Anticristo, de Nietzsche, e Anna Karenina, de Tolstoi.

Para baixar os livros basta aceder à página do Universia. 



29 de janeiro de 2013

Eça de Queirós na internet

A maioria das obras de Eça de Queirós encontra-se digitalizada e pode ser descarregada, gratuitamente, a partir daqui.

Não que as edições virtuais possam substituir os livros em suporte material, sobretudo aqueles que estudamos nas aulas e cuja leitura é bem mais fácil, proveitosa e agradável a partir do livro em papel.

Mas é interessante, até para efeitos de pesquisa, dispor de um acervo digital. Para não referir a questão da gratuidade que, nos dias que correm, não é um aspecto negligenciável.
Portanto, deixo-vos a indicação. Boas leituras!

7 de janeiro de 2013

Conteúdos educativos em português, no iTunes

Captura de ecrã do iPhone 1


De acordo com uma entrada publicada no dia 3 de Janeiro em Ler ebooks, a Direção-Geral da Educação, do Ministério da Educação e Ciência, inaugurou um espaço no iTunes U – plataforma da Apple para conteúdos em áudio e vídeo – onde disponibiliza conteúdos educativos que podem ser descarregados gratuitamente para um computador (Mac or PC), iPhone, iPad ou iPod.

Estarão acessíveis, numa primeira fase, recursos educativos digitais já em linha nos sites da DGE, nomeadamente estudos sobre tecnologias no ensino, os cadernos SACAUSEF, algumas histórias em vídeo e áudio da iniciativa Conta-nos uma História e diversas publicações pedagógicas na área do Português, da Matemática e das Ciências.