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29 de setembro de 2021

A ÉPOCA TROVADORESCA

 Agora que as turmas do 10º ano começam o estudo deste fascinante período da nossa literatura, publicamos um texto escrito há algum tempo, por uma aluna, e depois aperfeiçoado por toda a turma, tendo resultado na exposição que aqui podem ler. 

Aos alunos fora proposto que escrevessem sobre aquilo que os poemas dos trovadores nos podem ensinar acerca da época em que foram elaborados. Aqui fica pois o texto, que talvez sirva de motivação aos alunos deste ano.

Iluminura medieval, representando o mês de outubro (Les très Riches Heures du Duc de Bérry)

O VALOR TESTEMUNHAL DA POESIA TROVADORESCA 

(Exposição sobre um tema)

A poesia trovadoresca, produzida na Península Ibérica durante a Idade Média, pode fornecer muitas informações sobre esta época.

Destacam-se, pelo seu valor testemunhal, as cantigas de amigo, que nos revelam aspetos da vida quotidiana das jovens camponesas de então: os divertimentos, como bailes e romarias; as tarefas domésticas, como ir à fonte buscar água ou lavar roupa; e, sobretudo, a sua vida amorosa, o namoro, com ou sem permissão da mãe, com um jovem da mesma classe, o amigo, com quem se relacionava de forma espontânea e sensual. Poemas como “Bailemos nós, ai amigas” ou “Porque tardaste na fontana fria” são exemplo disto.

Também as cantigas de escárnio e maldizer contêm numerosas informações sobre a época, quando criticam, por exemplo, os maus trovadores, sem originalidade, e a nobreza empobrecida e pelintra, como o infanção que não acendia o lume, pois não tinha que comer.

Em suma, a poesia trovadoresca permite-nos conhecer aspetos muito diversificados da cultura e do tempo em que foi produzida.
                      
10ºD, 2018/2019



3 de junho de 2019

Aqui as duas a bailar


Pintura de Chagal

Aqui as duas a bailar
debaixo daquela cerejeira de encantar
e quem como nós, o cabelo soltar,   
irá ao amigo agradar,
debaixo daquela cerejeira de encantar
iremos nós bailar!

Aqui as duas a seduzir
debaixo destes ramos a sorrir
e quem viver, como nós a rir,
irá ao amigo agradar,
sob estes ramos prestes a florir
iremos nós bailar!

Enquanto estivermos a dançar
debaixo destas cerejeiras a brincar
e quem como viver como nós a bailar
irá ao amigo agradar
e sob o ramo em que estamos a conversar
viremos nós bailar!

Ândria Ferreira e Marisa Paulo, 10ºD

30 de janeiro de 2019

Bailemos as três, ai amigas

Outra bailia das alunas de Literatura Portuguesa, recriando a poesia dos trovadores medievais.


Bailemos as três, ai amigas,
Debaixo destas laranjeiras floridas.
Quem for linda como nós, lindas,
                                   Se amigo amar,                                
Debaixo destas laranjeiras floridas
Virá bailar

Bailemos as três, bem ordeiras,
Debaixo deste ramo de laranjeiras.
Quem for cavaleira como nós, cavaleiras,
Se amigo amar,
Debaixo deste ramo de laranjeiras
Virá bailar

Enquanto não fazemos outra coisa, ai amigas,
Debaixo deste ramo florido, escondidas.
E quem bem parece, como nós, raparigas,
Se amigo amar
Debaixo deste ramo sob o qual há mentiras
Virá bailar.            
                                                 
                 Beatriz Jesuíno e Diana Sousa, 10ºD                                              

1 de dezembro de 2018

Bailemos nós três

Recriando a nossa poesia trovadoresca, as alunas de Literatura Portuguesa ensaiam bailias:


Bailemos nós três, tão engraçadas
Por debaixo das macieiras enfeitadas
E quem for amada como nós amadas
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras decoradas
Virá dançar

Bailemos nós três, ai irmãs
Por debaixo do ramo destas maçãs
E quem for cristã como nós cristãs
Se amigo amar
Apenas sob estas macieiras meãs
Virá dançar

Por deus, tão engraçadas, então não fazemos nada
Por debaixo da rama esverdeada
E quem bem julgar, como se é julgada
Se amigo amar
Apenas sob esta macieira adorada
Virá dançar

Iara Boita e Maria Inês, 10º D

6 de janeiro de 2016

Dom Presunçoso


Dom presunçoso, foste-vos queixar
Que eu nunca liguei ao vosso olhar
Mas agora quero fazer-vos acreditar
Que vos olharei todavia
E vedes como vos quero olhar
Dom presunçoso, vesgo e rufia

Dom presunçoso, a Deus peço perdão

Pois tendes tão grande narigão
Que vos eu olhe por essa razão
Vos olharei todavia
E vedes qual será a observação
Dom presunçoso, vesgo e rufia

Dom presunçoso, nunca vos eu olhei

Em meu pensar, porém muito pensei
Mas agora já um bom olhar lançarei
Em que vos enfeitiçarei todavia
E dir-vos-ei como farei
Dom presunçoso, vesgo e rufia


10.º E, poema coletivo - Literatura Portuguesa

12 de fevereiro de 2014

Ondas do mar de Vigo

O Joel Vicente, do 12º B, escreveu esta música para um poema de Martin Codax, "Ondas do mar de Vigo". Tratava-se de um trabalho do Conservatório, onde frequenta o curso de piano. O poema foi sugerido na aula de Português. 

Explicou-nos ele que o objectivo do trabalho era compor uma música trovadoresca, pelo que se impunha "uma estrutura repetitiva e um acompanhamento musical rudimentar, tudo muito constante e fluido". 

Aqui fica então a música, delicada e bela. E a pauta, com a composição original do Joel.






16 de janeiro de 2014

O Amor Cortês

Ficaram célebres as regras do amor cortês definidas no século XII por Lianor de Aquitânia. Lianor foi duquesa da Gasconha e da Aquitânia, Condessa de Poitiers e rainha consorte de França e Inglaterra. Era a filha mais velha de Guilherme X, a quem sucedeu em 1137. Fluente em cerca de oito línguas, aprendeu também matemática e astronomia, leis e filosofia. Esta educação, excepcional numa mulher e numa época em que a maior parte dos governantes eram analfabetos, permitiu-lhe desenvolver uma notável cultura. A sua fortuna pessoal e o seu apurado sentido político fizeram-na uma das mulheres mais poderosas e influentes da Idade Média.

























AS 31 REGRAS DO AMOR CORTÊS

definidas por Lianor de Aquitânia (séc. XII-XIII) e sua «corte do amor»

1.   O casamento não constitui desculpa legítima contra o amor.
2.   Ninguém deve ser proibido de amar.
3.   Ninguém pode ter duas ligações ao mesmo tempo.
4.   Um homem só pode amar quando é adulto.
5.   Quem não é ciumento não ama.
6.   O amor deve sempre diminuir ou aumentar.
7.   Os prazeres que o amante obtém sem consentimento da amada não têm sabor algum.
8.   Em amor, o amante que sobrevive à amada deve observar uma viuvez de dois anos.
9.   Ninguém pode amar a menos que a isso seja levado pela vontade do amor.
10. O amor não habita nunca na casa da avareza.
11. Não parece bem amar alguém com quem se tem vergonha de casar.
12. O verdadeiro amante não gosta de amar outrém para além do seu amado.
13. O amor raramente subsiste depois de divulgado.
14. O amor que se consegue facilmente despreza-se; o amor que se ganha tem-se em alta estima.
15. Todo o amante deve empalidecer à vista da sua amada.
16. O coração do verdadeiro amante treme aquando da aparição súbita do ser amado.
17. O novo amor faz esquecer o velho.
18. Só a honestidade nos faz dignos do amor.
19. Se o amor diminui, depressa acaba e raramente revive.
20. O verdadeiro amante é sempre tímido
21. O afecto do amante é sempre acrescentado pelo ciúme verdadeiro.
22. O afecto do amante é sempre aumentado pelo respeito da amada.
23. Aquele que o amor perturba come menos e dorme menos.
24. Todas as acções do amante estão ligadas ao pensamento da amada.
25. O verdadeiro amante só aprecia aquilo que ele pensa agradar ao ser amado.
26. O amor nada pode recusar ao amor.
27. O verdadeiro amante nunca se farta dos favores da amada.
28. É a presunção que leva o amante a suspeitar da amada.
29. Não deve amar aquele que é tentado pela luxúria.
30. O verdadeiro amante vive da contemplação ininterrupta da sua amada.
31. Nada proíbe que uma mulher seja amada por dois homens ou um homem por duas mulheres.

in A Moda - 5000 Anos de Elegância, Ed. Verbo


15 de dezembro de 2013

Bailia #2



Bailemos nós já todas três, ai amigas 
sob estas roseiras floridas;
e quem for jeitosa, como nós, jeitosas,

       se amigo amar, 
sob estas roseiras floridas
       virá bailar.


Bailemos nós já todas três, ai irmãs,
sob estas cheirosas rosas;

e quem for formosa, como nós, formosas,
       se amigo amar,
sob estas cheirosas rosas
       virá bailar.

Por Deus, ai amigas, enquanto não fizermos outras coisas,
sob este ramo florido bailemos;
e quem parecer bem, como nós parecemos, 
       se amigo amar,
sob estas roseiras onde nós bailamos,
       virá bailar.


                Ana Ribeiro, Ângela Costa, 10ºD

11 de dezembro de 2013

Cantiga de Amigo

Os poetas do século XX - tal como as nossas alunas de Literatura - gostavam de recriar a lírica dos trovadores, cuja frescura inaugural continua a comover-nos. Deixaremos aqui algumas dessas recriações, começando com um poema de saudade de José Carlos Ary dos Santos


               























              Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões, Virgílio, Shelley, Dante
o meu amigo está longe e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões, Virgílio, Shelley, Dante!
o meu amigo está longe e a tristeza é bastante.

Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões, Virgílio, Shelley, Dante:
o meu amigo está longe e a saudade é bastante!

                           Ary dos Santos

9 de dezembro de 2013

Bailia



Dancemos nós já todas três, ai amigas,
Sob estas avelaneiras floridas
E quem for bela, como nós, belas,
       Se amigo amar,
Só sob estas avelaneiras floridas
       Virá dançar.

Dancemos nós já todas três, ai irmãs,
Sob este ramo destas avelãs;
E quem for formosa, como nós, formosas,
       Se amigo amar,
Sob este ramo destas avelãs,
       Virá dançar.

Por Deus, ai amigas, enquanto outra coisa não fizermos,
Sob este ramo florido dançaremos;
E quem formosura irradiar, como nós irradiamos,
       Se amigo amar,
Sob este ramo em que nós dançamos,
       Virá dançar.

         Iva Leão, Joana Delgado,  10ºD (recrição da cantiga de Aireas Nunes)

5 de dezembro de 2013

Se eu pudesse

pintura de Vítor Alves
Cantiga elaborada a partir da composição de Pêro da Ponte, “Se eu pudesse desamar

Se eu pudesse ajudar
a quem me sempre ajudou
e pudesse o desconforto negar
a quem me sempre desconforto negou
Assim me sentiria eu,
       se eu pudesse amor dar
       a quem me sempre amor deu

Mais não posso eu partilhar
pois meu coração já partilhou
porquanto me fez desamparar
a quem me sempre desamparou.
E por isto não esperava eu,
       porque não posso amor dar
       a quem me sempre amor deu.

Mais rogo a Deus para lembrar
a quem me assim sempre lembrou
ou que pudesse cuidar
de quem de mim sempre cuidou
E logo desejaria eu,
       se eu pudesse amor dar
       a quem me sempre amor deu

Ou que ousasse eu ignorar
a quem me nunca ignorou
por que me fez em si acreditar
se ele nunca em mim acreditou.
E por isto rezo eu
       porque não posso amor dar
      a quem me sempre amor deu.

                                  Ana Ribeiro e Ângela Costa, 10ºD

30 de maio de 2013

Poesia trovadoresca na internet


BASE DE DADOS que disponibiliza a totalidade das cantigas trovadorescas galego-portuguesas incluídas nos cancioneiros, bem como algumas iluminuras e a música das composições poéticas - quer a medieval, quer as versões contemporâneas (pautas e alguns ficheiros áudio). 

Compreende ainda informação sobre todos os trovadores e sobre as personagens e os lugares referidos nas cantigas. Também o pequeno tratado de poética trovadoresca que abre o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, chamado "Arte de Trovar", foi incluído.

A base de dados é resultante do projeto Littera, sediado no Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Um precioso contributo para a preservação e divulgação do património literário português.

13 de janeiro de 2013

À maneira dos trovadores # 2

CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER




Vestida de branco, como a leveza,
vinha coberta de natureza,
como se a sua estranheza
não fosse enorme tristeza.
        Ela vem, torna a ir, não deixa de rir.


Vinda da fonte como corcel
água traz e flor de papel.
Por nós passou a caminhar
aquele magnífico par!
       Ela vem, torna a ir, não deixa de rir.


Como amiga tem a pedra
no seu divertimento exagerado,
fazendo cair babado,
o triste e pobre coitado.
       Ela vem, torna a ir, não deixa de rir.


Seguiu como se nada fosse,
sempre muito satisfeita,
exclamando com voz doce:
Ai, mas que bela colheita!
        Ela vem, torna a ir, não deixa de rir.


                                                    Ana, Margarida, Mariana e Patrícia, Cancioneiro do 10ºE



         

Com esta Barbie todos entram em brincadeira,
não se preocupando com a sua cabeleira.
             Virtuosa ia a Barbie a passar
             Com seus caracóis a abanar.


O seu cabelo parece palha-de-aço
o que a ajuda a parecer um palhaço
                     Virtuosa ia a Barbie a passar
                     Com os seus caracóis a abanar.

Com o seu olhar horripilante
assusta até um elefante!
                     Virtuosa ia a Barbie a passar
                     Com seus caracóis a abanar.

                                               Catarina, Mafalda, Jéssica e Rafaela, Cancioneiro do 10º E
                     
       

Moço, que vais estrada fora,
c’um andar leve e fermoso,
p’ra onde irás tu agora
sempre alto e majestoso.

Moço, irás buscar prazer
e algum divertimento,
queres tudo e não podes ter,
mas que vida de tormento!


Moço, de cheiro agradável,
que se nota à distância,
teu perfume apreciável
já é bela fragrância!


Atrai mulheres como moscas,
mas amores nunca sentiu.
As mulheres são mesmo toscas,
não vêem que lhes mentiu!


                      Ana Patrícia, Beatriz, Inês e Vanessa, Cancioneiro do 10º E